O Adeus




Quarta-feira, 26 de maio de 2010, o dia começou diferente. Não fui para academia como venho fazendo diariamente nos últimos meses e consequentemente não entrei na internet como faço assim que retorno da mesma.

Por volta das 10h30 ligo o computador e como é de praxe dou uma olhada no orkut, uma lida no email e uma bisbilhotada no twitter. É ai que vejo os comentários sobre a morte do Delegado Clayton Leão. Li e reli as postagens e vou confessar que cheguei a pensar que estava enxergando mal. Foi então que resolvi perguntar a Henrique e Anami se eu estava entendendo direito. Recebo a seguinte resposta: “anamibrito @larysouza Isso mesmo Lary!Estamos todos muito triste. Clayton foi assassinado, perdemos um grande referencial de combate ao crime.”

Perdi o chão
...
O mundo parou
...

Lá estava eu parada, olhando para a tela do computador, sem reação, sem noção, sem nada... Liguei rádio, televisão, acessei diversos sites no intuito de obter mais informações sobre o caso, qualquer detalhe me interessava. Percebo que o delegado havia sido assassinado enquanto dava entrevista para uma rádio de Camaçari. Fiquei indignada, triste, atordoada... Nem sei explicar o que senti.

Em pouco tempo a notícia teve repercussão e o áudio da entrevista estava disponível em vários locais. Ouvi a gravação uma, duas, três, várias vezes só para ter certeza de que aquilo que eu escutava, lia e via não fazia parte de um pesadelo que eu custava a acordar.

INDIGNAÇÃO ao escutar um bandido xingar um homem bom, pai de família, trabalhador de desgraça. UM APERTO NO PEITO ao escutar a última palavra, o gemido de morte, o desespero da esposa.

Conheci o Delegado Clayton Leão quando fiz estágio no Camaçari Notícias e lembro como se fosse hoje como eu fiquei encantada com aquele homem que embora trabalhasse combatendo o crime, tendo contato com bandidos, era uma pessoa doce e educada. Já fazia parte do cotidiano, toda vez que passava na 18ª delegacia e tinha algum contato com Clayton, chegava na redação tecendo meus comentários: “Que homem é aquele Brasil, educado, gentil” “ Mas ele é tão djhu que dá vontade de levar p casa” “Que delegado, digno de admiração”. As meninas deitavam e rolavam com meu falatório.

Quem é da imprensa de Camaçari e faz cobertura policial, certamente irá lembrar-se de uma ou algumas marcas do delegado:
O cabelo bagunçado nas entrevistas;
A camisa mal abotoada;
A boa vontade em fornecer os dados e informações sobre os casos;
A disposição para dar a entrevista;
O jeito de balançar a cabeça quando dava bom dia;
O respeito e postura que ele exigia que o bandido tivesse quando a gente ia tirar as fotos;
A risada sem graça quando era feita alguma pergunta que poderia deixá-lo em “maus lençóis”;
A simplicidade quando ele dizia: Eu não sei muito sobre isso, mas vejo tudo direitinho e te passo.
Dentre tantas outras coisas .

Só sei que na quarta feira, Camaçari, a Bahia, o Brasil, o mundo perdeu um grande homem. Um homem que combatia a criminalidade, um homem que tentava trazer para a população uma vida mais segura...Um herói

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