Os Improváveis


Tudo começou em 2001, no Colégio Estadual Odorico Tavares. Adolescência, novas descobertas, a curtição de estudar no Centro da cidade, o primeiro beijo para uns, as primeiras relações sexuais para outros. Tudo vivido tão intensamente que parecia até que o mundo iria acabar no dia seguinte.

Como acontece em vários momentos da vida as pessoas tendem a procurar ou andar em grupos, buscando sempre uma identificação, pode ser um pensamento, um estilo ou gosto musical. Facilmente a gente conseguia identificar lá no CEOT, como chamávamos o Odorico, diversas tribos. Havia o grupo dos roqueiros com seus assessórios pretos, coturno, correntes e maquiagem forte; As patricinhas com suas unhas, bolsas e cadernos cor de rosa; Os sarados, freqüentadores assíduos das academias e que faziam questão usar somente a blusa de educação física; Os homossexuais e a polêmica quando se beijavam no bebedouro; Os populares e a vontade que alguns tinham de ser igual a eles; Os esportistas; Os cachaceiros; Os pegadores; Os drogados, cada qual com seu grupinho e suas preferências.

Agora preste bem atenção nessa formação e como parece estranho que ela fosse dar certo. Um Adventista do Sétimo dia (Diogo Petersen), um traumatizado (Leonardo Moura), Uma testemunha de Jeová que fazia de tudo para ser popular (Thailane Lapa), uma nerd (Geisa França), uma desleixada (Bárbara Katiane); Uma com problemas familiares (Jéssica Marques), uma moleca organizada (Eu), em algum momento que não sei dizer exatamente o qual, se juntou ao grupo uma descolada (Kétsia Figueiredo). Estranho né!?

Foi com esse grupo que horas recebia ou perdia agregados que eu vivi momentos únicos, verdadeiros, intensos e importantes de minha vida. A gente juntava os centavos para comprar gula no intervalo, ficávamos até tarde fazendo trabalhos da escola, me colocaram para pular o muro do teatro só porque eu era a mais leve, deixamos nossas assinaturas na parede da cantina, vivíamos tirando fotos, fazendo maquetes, perturbando geral.

Lembro do passeio no MAM, a palhaçada no Campo Grande, os micos no Passeio Público, o passeio para praia do forte que choveu, os gritos no cinema, a visita ao museu que ficou todo mundo com cara de nada, o dia que a gente trancou a professora de artes na sala, o dia que a professora de inglês pegou a cadeira para jogar no aluno só por que ele a chamou de Miss Cristina, o professor de química que tinha fama de pegador, as aulas de PEI e seus pontinhos, o professor de história que disse que nós nunca iríamos fazer faculdade e no dia seguinte foi colocado para fora, a correria para a diretora não nos ver de boné, a paletada até o shopping Piedade ou Center Lapa, meu aniversário comemorado com gula e refrigerante no Passeio público, o dia que eu sai com Kétsia andando da Mouraria até o Aquidabã(tava louca!). Tantas coisas passamos juntos que se eu for descrever tudo vai dar um livro.

Anos se passaram, na verdade ano que vem iremos comemorar dez anos de amizade, e continuamos amigos. Sim! Somos amigos até hoje. É claro que muitos sumiram com o passar do tempo, alguns somem e aparecem, mas estamos ali firmes e fortes.

Hoje formamos os Improváveis. O adventista do sétimo dia (Diogo Petersen) hoje está pra lá de bagdá, o traumatizado (Leonardo Moura) não é mais tão traumatizado assim, a desleixada (Bárbara Katiane) virou um mulherão que só você vendo; a descolada (Kétsia Figueiredo) continua sendo descolada e cola em todos os eventos e além disso se intitula de fresca (kkk); e eu a moleca que continuo moleca só que não perturbo tanto quanto antes. Quando nos juntamos é alegria e diversão na certa.

Ah! Jéssica Marques sumiu, se alguém tiver notícias sobre o paradeiro dela pode entrar em contato; Geisa França continua nerd e daquele mesmo jeito que só Freud para explicar e Thaylane conseguiu ser popular em 2004 quando já tínhamos saído da escola, hoje ela é mãe de Júlia. Essas somem e aparecem e estamos sempre de braços abertos para elas.

Somos improváveis! Improváveis por que nossa união não tinha probabilidade de acontecer; Improváveis por que não existiam indícios de que continuaríamos amigos; Improváveis por que juntos construímos uma amizade que venceu o tempo.

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