Olhando o movimento

Quando a gente é adolescente, fazemos coisas que depois ficamos imaginando qual era finalidade ou motivação de tal feita. Ontem foi sábado e eu fiquei lembrando um passeio que eu e minha amigas fazíamos aos sábados pontualmente a partir das 20 horas.

Quando eu tinha mais ou menos 14 anos, eu e minha galera – como meu pai costumava falar- íamos passear na pracinha que tem aqui no bairro todo sábado à noite. Esse parecia um dos melhores programas do mundo. Quando o relógio apontava 19 horas, cerca de seis meninas ia para a casa se produzir para ir à pracinha. No horário marcado estávamos todas prontas, lindas e cheirosas partindo para nosso destino. Até ai tudo bem, só que:

Problema número 1- A tal pracinha é super, hiper, mega longe de onde a gente mora.

Problema número 2- A gente só ficava olhando o movimento, não interagia com ninguém, sentávamos no banco da praça, fofocava caso tivesse algum gatinho, mas, não rolava de conhecer novas pessoas, fazer novas amizades e tal.

Problema número 3 – Depois de quase 30 minutos andando até lá, a gente não ficava no local nem por uma hora. A gente ficava lá um pouquinho acho que era o tempo para descansar as pernas e depois retornávamos.

Não pense que quando a gente saia de lá a gente ia para casa, parávamos no final de linha para olhar mais uma vez o movimento.

O marido de minha prima, que na época era namorado, ficava virado nos 800. A vida dele era perguntar o que a gente tanto fazia na praça. É claro que ele era motivado pelo ciúme, mas o coitado não acreditava que a gente dizia que só estava vendo a movimentação. Ele sempre falava: E vocês ficam lá anotando a placa dos ônibus é?

O tempo foi passando e os passeios foram perdendo a freqüência, cada uma do grupo foi seguindo o rumo. Hoje em dia o grupo tem nova formação, na verdade uma das meninas do meu grupo continuou indo para o final de linha olhar o movimento e novas meninas se juntaram a ela. É claro que a pracinha deixou de fazer parte do roteiro. Às vezes as vejo lá e fico imaginando qual era a graça que eu via em ficar ali simplesmente “olhando o movimento”.

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