Diário de Buzú: O conselho do baleiro


Quem me conhece sabe que eu falo com todo mundo, basta chegar a algum lugar que encontro alguém para bater um papo. É claro que existe exceção e também tem algumas pessoas com o poder sobrenatural de me deixar tímida, é uma coisa estranha, por mais que eu queira conversar, a timidez toma conta de mim. Com o tempo isso passa, mas não é sobre o poder sobrenatural de algumas pessoas que eu vou falar, isso deixo para outra ocasião. O Diário de Buzú é sobre um conselho que recebi de um baleiro.

Quando vou para um ambiente novo sempre fico naquela de observar o percurso que vou fazer até o ponto de ônibus, a movimentação no local, as rotas de fuga, dentre outras coisas. Era por volta das 22h quando cheguei ao ponto de ônibus, o local estava movimentado, então, fiquei tranquila. Estava lá esperando o busú, quando aparece um vendedor de bala que é meu vizinho. Desses vizinhos que você não sabe a rua onde a pessoa mora, mas sabe que reside no mesmo bairro que você.

Ele falou comigo, eu respondi e a partir daí foi conversa até chegar perto de casa. Perguntou sobre o carnaval, falou de um evento ocorrido no final de semana, perguntou se eu ia para uma festa de partido alto que tinha no bairro, me ofereceu bala ele estava vendendo uma caixinha com bala de café e eu não gosto de bala de café. Os assuntos foram variados.

Finalmente nós pegamos o busú, e ele falando que só tinha ficado no ônibus para me fazer companhia, que como ele é baleiro podia ir pegando vários ônibus até chegar em casa e chegaria rapidinho, que se eu quisesse podia entrar pela frente com ele. Nisso ele ia emendando um assunto ao outro.

Foi ai que ele começou a falar da vendagem, que ele vende batata frita ou balas mas preferia as balas por que o lucro era maior. Foi ai que ele me perguntou com o que eu trabalhava.

Ele: E você trabalha com o que?
Eu: Eu sou Jornalista, trabalho em um site
Ele: Hum! Repórter né? Porque você não vai vender bala?

Ô gente! Sabe aquele momento que você não sabe se chora ou se dá risada. Foi isso que eu senti, meu mundo caiu!

Está pensando que parou por ai... Começou a fazer a contabilidade, a falar do lucro que tinha e completou dizendo: “ É melhor trabalhar para a gente do que para os outros. Ter chefe não presta não! Eu mesmo faço meu horário. Eu acho que você seria uma boa baleira, ia vender tudo rapidinho”. Foram tantos argumentos que eu pensei seriamente em vender bala no busú.

Para completar, me disse que iria comprar um carro com vidro fumê para me levar ao trabalho e ao curso. Finalmente chegamos ao bairro e ele me convidou para beber um refrigerante e eu, é claro, não fui. Cheguei em casa pensando se não devia largar tudo e seguir o conselho do baleiro.

Quando eu era criança tinha um baleiro que falava “Olha o caramelo, eu falei caramelo, não falei Collor de Mello, Collor de Mello é ladrão, aproveite a promoção. Com isso ele chamava atenção e só com minha mãe ele tinha um bom lucro. Estou pensando em criar algo assim, nesse estilo, e começar as vendas. E ai minha gente! O que vocês acham?

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