Diário de Buzú: O pânico
Em setembro eu relatei um assalto no ônibus no “Diário de Busú” e falei que uma semana após o ocorrido, no mesmo bat horário e bat local aconteceu algo parecido e que eu iria relatar em outro Diário de Busú. Demorou, mas, a hora chegou.
Estava indo para o curso e peguei o buzú junto com um rapaz que tinha feito aula de forró comigo. Ele todo estiloso, roupa na moda, boné virado para trás, mochila, tênis desses que o povo diz que é “de marca”, tal e coisa, coisa e tal. O ônibus estava cheio e sentamos no fundo um amigo meu já tinha avisado para eu evitar sentar no fundo, mas eu fui assim mesmo. Tudo ocorria normalmente, mesmo horário, mesmo itinerário, mesma empresa de ônibus da ocorrência anterior. Eu que estava assustada com o que já tinha ocorrido, fiquei com meu celular guardado, não olhava o whatsapp, não escutava música, nada... só ficava de olho no movimento. O rapaz estiloso estava sentado na minha frente, com o celular na mão escutando música.
O ônibus já tinha esvaziado um pouco, quando de repente, três jovens entraram pela frente do buzú. Entraram como se fossem fiscais, olhando para as pessoas, observando o que tinham nas mãos e foram parar no fundo onde eu estava, e é claro, enxergaram o rapaz estiloso. Olharam o tênis, o boné, o celular e fizeram sinais uns para os outros.
Foi quando outro rapaz, que estava junto comigo no ônibus no dia do assalto(que eu relatei aqui)parou e ficou olhando para eles. Um deles para disfarçar, falou com um velho, que estava bêbado ou era maluco, que estava em pé no fundo do buzú. “Eu te conheço coroa. Esse coroa é uma viagem”, e deu risada. Em seguida, os três foram para o meio do buzú e se sentaram.
Rapaz, pense no pânico! Foi a cobradora pegando o dinheiro e escondendo no sapato , uma mulher pegando o celular e colocando dentro da calça, um homem colocando dinheiro dentro da calça... Uma loucura... Eu desta vez fiquei tranquila, não levantei, nem me mexi, não tinha nada interessante para guardar.
O rapaz estiloso rapidinho tirou o fone, guardou o celular e levantou falando: “Que nada! Vou descer que esse buzú tá barril”. Foi para frente, pediu o ponto e desceu. O que ele não viu foi que os três supostos assaltantes desceram no mesmo ponto que ele. A partir daí eu não sei o que aconteceu.
Quando eles desceram a cobradora revoltada foi reclamar com o motorista que tinha deixado eles entrarem. O rapaz que estava comigo na semana anterior ficou comentando o ocorrido... que conhecia os rapazes, que eles desceram porque tinham reconhecido ele e blá, blá, blá. Os outros passageiros respiraram aliviados.
Eu que já estava traumatizada resolvi:
A – Continuar pegando o mesmo ônibus.
B- Mudei de buzú e de itinerário
C- Sai do curso.
Se você marcou a letra B, está corretíssimo. Comecei a pegar outro ônibus... o percurso era maior e consequentemente eu demorava para chegar onde eu queria, porém, era menos cotado.