Diário de Buzú: Cadê meu buzú no réveillon da cidade?



Eu tenho que tomar vergonha na minha cara e não acreditar quando falam que vai ter ônibus durante a madrugada quando tem algum evento aqui em Salvador. Eu sempre acredito e sempre me dou mal nessa história. Dessa vez me dei mal no réveillon da cidade e o Diário de buzú é sobre isso.

Anunciaram uma programação com oito dias de festas que iriam acontecer em vários pontos da cidade. Um dos locais era na Praça Cayrú, no Comércio, e as apresentações nesse local começaram na segunda-feira, dia 29, e foi exatamente nesse dia que eu fui.

Nesse dia teve apresentação de Carlinhos Brown, Saulo, Jorge e Mateus, Bob Sinclair, além de Amanda Santiago e Duas medidas. Carlinhos Brown eu gosto, Saulo é meu amor, Jorge e Mateus eu achava que não sabia cantar uma música e eu queria ver a apresentação de Bob Sinclair, ou seja, sabia que iria ficar lá até o final. Peguei o buzú e como sempre faço, perguntei a cobradora se realmente teria ônibus à noite toda e ela disse que sim.

Meu primo Fábio veio aqui para casa e, chegando lá, encontramos meus amigos. Fábio é minha versão masculina quando se trata de show, a gente só gosta de sair no final dos eventos, quando já estão mandando a gente ir embora. Conosco essa história de ir dar uma olhada e voltar para casa não é válida, sendo assim, a gente tinha certeza que ia ficar lá esperando Bob Sinclair até o final. Vimos Amanda Santiago, Carlinhos Brown, Saulo e meus amigos foram embora. Olhei para Fábio, ele me olhou... tipo procurando algum indicio para saber se queria ir embora, mas, resolvemos encarar Jorge e Mateus para em seguida ver Bob Sinclair.

Saímos do meio da muvuca e ficamos encostados perto de uma mulher que estava vendendo cerveja, refrigerante e aguá. A água era artigo de luxo nesse dia, sortudo era aquele que encontrava uma garrafa de água para beber naquele evento. Ficamos até amigos da vendedora... Até ontem eu ainda lembrava o nome dela... Acho que vou lembrar até terminar de escrever o texto.

Quando Jorge e Mateus entrou no palco, o povo foi a LOUCURA. Foi grito, choro, desespero...Nunca vi uma coisa daquela, aliás,eu vi o mesmo acontecer com Pablo no Carnaval. Até eu que achava que não sabia cantar uma música, cantei umas três ou quatro. Encontrei um par para dançar e tudo mais. Não curto esse estilo de música, mas eu estava lá, queria ver Bob Sinclair, a dupla vinha antes, então, ao invés de ficar me lamentando, quieta no canto, eu fui curtir.

O povo cantou, dançou, gritou ao som de Jorge e Mateus, e assim que a dupla terminou a apresentação, uma galera foi embora. Só faltava um pouquinho para Bob Sinclair e finalmente ele chegou. Eu e meu primo nos esbaldamos na música eletrônica e por volta das 04h30 o show terminou, então, nós fomos para o ponto de ônibus indicado e foi a partir daí que começou o sofrimento.

Passava ônibus para todos os bairros de Salvador e região metropolitana menos para o meu. Era inacreditável! Resolvemos nos sentar, porque enquanto tá no show, está tudo bem, tudo bom, mas quando termina, as forças vão embora e a pessoa só quer saber de arranjar um lugar para se jogar. Todo mundo que estava no evento ia embora menos a gente. Meu primo foi perguntar ao fiscal se o ônibus realmente passava por ali e a resposta foi positiva, mas era uma coisa estranha já que a gente não via nem sinal do ônibus. Ficamos mais um tempo por lá e resolvemos andar. Quando começamos a andar, eu via várias pessoas aqui do bairro, sentadas esperando o ônibus e nada dele chegar. Íamos para um lado, para o outro e nada do busú.

O dia já estava claro e nós já estávamos super longe do ponto indicado pelo fiscal quando passou um ônibus, e é claro, não parou no ponto onde nós estávamos. E o que nós resolvemos fazer?

A- Fomos para o ponto certo para esperar o ônibus seguinte
B- Ficamos lá parados
C- Corremos atrás do buzú porque soteropolitano de verdade tem que correr atrás do ônibus


Se você escolheu alternativa C, você está correto.
Como sabíamos que o ônibus ia fazer o retorno, atravessamos a rua e começamos a correr na tentativa de conseguir pegar o ônibus no ponto seguinte. Foi uma corrida digna de maratona, estou até pensando em correr na próxima São Silvestre.

Quando chegamos ao ponto, nada do ônibus aparecer! Até hoje me pergunto por onde aquele buzú passou, ele sumiu como mágica, abriu um buraco e entrou.

As pessoas já chegavam para trabalhar e a gente lá. Agora me pergunte porque a gente não pegou um táxi? Até dois ônibus seria uma alternativa, mas a gente ficou lá, com cara de nada. 

Minha mãe já me ligava para saber onde a gente estava, meu primo já procurava o que comer ele tem problemas com o horário da comida e eu lá sentada batendo papo com um menino que tristemente esperava o mesmo ônibus. A essa altura, as outras pessoas do bairro que eu tinha visto, já tinham sumido. 

Quando a gente já estava conformado com a nossa sina, apareceu o tal do buzú. Todo mundo no ônibus com cara de quem ia trabalhar e a gente com aquela cara de quem não tinha dormido. Além disso, o buzú acabou fazendo o percurso normal, já que pelo horário o trânsito não estava mais modificado. O percurso: Comércio, Ladeira da Montanha, Carlos Gomes... Barra... Campo Grande, Comércio novamente. Ai meu primo achou estranho e a gozação começou:

Fábio - Oxi! Estamos no mesmo lugar de novo? Eu hein!? Que ônibus maluco é esse. A pessoa sai de um lugar, roda, roda e vai parar no mesmo lugar. ki minha véa, não tô pra isso!

Eu não tinha mais energia para dar risada, só queria chegar em casa e me jogar no chão.

Chegamos em casa às 08h, caindo pelas tabelas e quando contei a meus amigos sobre o sofrimento do busú, eles disseram que quando foram embora, o busú para o bairro onde moro foi o primeiro a passar.

Estávamos DESTRUÍDOS, DESMAIADOS mas com história para contar. 

Ah! Eu não disse que ia lembrar?! O nome da vendedora é Carla... ela nem ofereceu um refrigerante pela ajuda que a gente deu a ela nas vendas rsrsrsrss

Postagens mais visitadas deste blog

No MP3

Diário de Buzú: E chovia dentro do ônibus

Meu novo amor...