E Camaçari virou um caos
Saí de casa para ir trabalhar, paletei até a Paralela e no caminho ia rezando para que no ônibus tivesse um lugar para eu ir sentada (isso é um milagre). Embarquei no Camaçari- Lapa, o sorriso foi de orelha a orelha quando vi que havia lugar para sentar. O que eu não sabia era o que estava por vir!
Como de costume, quando cheguei às proximidades da Faculdade Jorge Amado, liguei o rádio do celular na Líder FM, emissora de Camaçari que só sintoniza a partir desse ponto. Vou escutando para saber o que esta acontecendo na cidade durante minha viagem. Passei por um congestionamento na CIA – Aeroporto, nada muito diferente, uma vez que estão fazendo obras naquela região.
Quando estou na Via Parafuso, nas proximidades da fábrica de pneus, começou a agonia. O Locutor diz algo do tipo: Notícia de primeira mão. Todas as vias de acesso ao Pólo Petroquímico estão fechadas. Daqui a pouco voltamos com mais detalhes. Pensei: Me fudi! Só chego lá amanhã.
Ninguém sabia dizer realmente o que estava acontecendo. Liguei para meu colega de trabalho e falei para ele averiguar o fato, já que eu não ia conseguir chegar a tempo. Dentro do ônibus os celulares começam a tocar e já sabe povo como é. Uns diziam que era vazamento de produto químico, outros que era uma simulação, uma mulher desmaiou no ônibus e a imaginação rolou solta. Para completar, uma pessoa falou na rádio que um amigo havia passado pela região do Pólo e por causa disso passou mal e estava internado.
Finalmente cheguei às proximidades do Viaduto do Trabalhador, o ônibus entrou direto para a emergência do HGC, onde a passageira que havia desmaiado foi deixada. Detalhe: Quando o veículo chegou ao hospital, a mulher já estava acordada e não queria descer. Os passageiros nervosos gritavam para criatura sair, após a solicitação calorosa das pessoas que ali estavam e que inclusive ameaçaram coloca- la para fora, ela finalmente foi receber atendimento.
Sai do hospital e conversei com um policial rodoviário que não sabia informar o que havia ocorrido. Ele me disse que por volta das 06 horas entraram em contato com eles e pediram para bloquear as vias de acesso e evacuar o local, porém não estava ciente sobre o que motivou a solicitação.
Tirei algumas fotos das vias interditadas, dos carros parados, segui meu destino e mais boatos chegavam. Desta vez era que havia benzeno escapando em uma das fábricas, outra pessoa afirmava que era em outra região, havia até quem dizia sentir falta de ar, tontura, cabeça pesada e um monte de coisa.
Quando cheguei à redação, Henrique tentava falar com alguém que explicasse realmente o que havia acontecido. A informação era única: Que devido ao apagão, eles estavam adotando um procedimento normal de segurança. Tempos depois recebemos a notícia de que trabalhadores do Pólo estavam saindo da cidade com os familiares por que sabiam que o problema era grave. Não conseguimos falar com nenhum dessas pessoas.
No início da tarde recebemos uma nota informando que as vias de acesso haviam sido liberadas e a cidade parecia que voltava ao normal. E eu pensava, como pode o Pólo realizar diversas simulações e mesmo com todo treinamento a cidade ter se transformado daquela forma. Ninguém tinha notícia concreta, tudo no disse me disse. O que faz acreditar que muitas coisas ainda precisam ser ajustadas.
Ah! Já ia esquecendo. Preste atenção no que é o psicológico das pessoas. Depois da notícia de que as vias já haviam sido liberadas ainda ficou aquela pulga atrás da orelha e observe minha conversa com Henrique.
Ele: Poxa! Estou sentindo uma coisa estranha na boca, uma sensação ruim
Eu: Sério? Eu também estou sentindo algo no céu da boca, mas não quis falar por que estava pensando que era psicológico.
Ele: Mentira né?
Eu: É sério mesmo. Fiquei com medo
Depois a gente riu muito. Quando fui para casa até liguei para ele dizendo que estava todo mundo derretendo na rua.
Quem guenta