O morto que não queria ser encontrado
Quem me conhece ou já conversou comigo sabe que eu não sou muito fã de tirar fotos de morto, mas como o povo gosta de ver e manda quem pode, obedece quem tem juízo, lá fui eu procurar mais um defunto em Camaçari.
Na quinta-feira, dia 03 de janeiro, o jornal recebeu a informação de que havia um corpo carbonizado na região do Parque Real Serra Verde. Entramos em contato com a Polícia Militar que confirmou o fato, mas não informou o local exato por ser de difícil acesso.
A gente se deslocou até o bairro, conversamos com uma equipe de policiais que estavam nas proximidades fazendo outra coisa, porém eles não sabiam de nada. Ficamos aproximadamente três horas procurando o tal do corpo carbonizado. Ligamos inúmeras vezes para a Polícia Militar que tentava auxiliar na busca.
Várias ruas foram percorridas, quando finalmente, encontramos um campo de futebol, no Parque Real Serra Verde, onde supostamente o corpo estava. No local o cadáver não foi encontrado, havia apenas um par de sandálias, um saco plástico vermelho e populares. Um senhor, que parecia que me conhecia há anos, começou a me falar um monte de coisa. Que o morto era cunhado de Daniel, me forçou a pular uma cerca de arame farpado para ir à casa de um vizinho que ele disse que sabia contar tudo e um monte de blá blá blá.
No final ele me disse que na quarta-feira a noite, a polícia tinha ido a região para confirmar a informação, mas não achou o morto. Também me disse que não tinha visto o corpo, mas sabia que existia.
Resolvemos voltar para a redação do jornal e passei na delegacia, lá me disseram que noite de quarta-feira a Defesa Civil avisou que havia um homem morto em um matagal próximo a um campo de futebol no bairro. Os agentes deslocaram-se para o lá e nada foi encontrado.
Liguei para o policial que tentava me ajudar e ele me confirmou que o fato era verídico então resolvi esperar Barretinho para assim formarmos a dupla “café com leite” e achar esse morto. À tarde, Eu, Barretinho, Gisa, Elsinho Táxi e um morador do local, conhecido de Barretinho retornaram a região.
Como esse morador conhecia todo mundo, foi perguntando ali, acolá e conseguimos encontrar o tal do corpo ainda em chamas em um areal. Local esse de dificílimo acesso que se não fosse essa pessoa iríamos retornar mais uma vez de mãos vazias.
Eu não tenho tanta experiência em tirar fotos de morto, mas esse foi o mais difícil de ser encontrado. O corpo tava em um lugar e foi queimado em outro, esse daí não queria aparecer na imprensa.