O valor da vida
Um dia desses, entrevistando um jovem de 19 anos, acusado de homicídio de outro de 18, me causou espanto o fato dele não demonstrar nenhum tipo de arrependimento por ter tirado a vida de uma pessoa. Pelo contrário, fazia questão de contar os detalhes do crime, além de enfatizar: “Se tiver que matar dez para não perder a vida, eu mato”. Foi ai que parei para pensar e questionar. Quanto vale a vida?
A impressão que se tem é que a vida está banalizada. Por qualquer motivo, uma briga, uma discussão, uma ultrapassagem no trânsito, dinheiro, pode levar à morte de um jovem, um pai, uma mãe, um trabalhador. E lá se vão sonhos perdidos, famílias dilaceradas, desejos não realizados e uma vida não vivida, completamente.
Nos últimos dias, dois casos foram presença constante na mídia. Primeiro, o estudante Gil Rugai, hoje com 29 anos, condenado a 33 anos e 9 meses, em regime fechado, pelo assassinato de seu pai e sua madrasta, em 2004. O segundo, a condenação a 22 anos e 3 meses de cadeia do ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, 28 anos, pela assassinato e ocultação de cadáver de sua ex-amante Eliza Samudio, em 2010. Crimes bárbaros, chocantes, que impressionam pela frieza com a qual se comportam aqueles que p cometeram.
Esses casos fazem parte de mais uma de tantas estatísticas no crescimento da violência da nossa sociedade, o que não é apenas uma realidade brasileira. Mas onde está a culpa de tudo isso? Alguém sempre tem `culpa no cartório´! As pessoas estão mais frias, não existe mais respeito e amor ao próximo, a desestruturação da família, a falta de cuidado com a educação, com a saúde, a falta de infraestrutura, tudo isso faz a vida ter valores insignificantes, onde um desentendimento com o vizinho pode criar uma avalanche e se tornar motivo para se interromper uma vida.
Sinal de `fim dos tempos´? De regresso da sociedade? Involução do ser humano? É triste tentar imaginar o rumo que a vida humana está tomando, o que ainda estar por vir e o que podemos esperar desse mundo, onde sair de casa e retornar ao seio familiar está se tornando uma batalha a ser travada, diariamente.
* Texto publicado na revista Infolitoral - março 2013