O cabelo de Lari


Há cinco meses estou com o cabelo natural, quando digo natural, quero dizer sem as tranças, pois quando estava usando tranças, o cabelo já estava natural, sem química, Sempre pensava em fazer uma postagem falando sobre o processo, mas, acabava deixando para depois, afinal, uma trajetória capilar de uma pessoa de 28 anos, é longa. Mas como o ditado diz, “antes tarde do que nunca”, e hoje estou começando a contar como foi meu processo com meu cabelo até ele ficar como está hoje. O objetivo não é transformar o blog em algo voltado para beleza e tal, mas sim, contar como tudo aconteceu.

Para a postagem não ficar muito grande e cansativa, resolvi dividir a história e toda sexta-feira vou postar uma parte.

Vamos lá



Meu cabelo era assim(como na foto acima). Não lembro exatamente quantos anos eu tinha nessa foto, mas eu usava o cabelo assim e adorava os penteados que minha mãe fazia, vários tipos de tranças, “pom pom”, lembro que eu tinha uma bolsa com vários tipos de enfeites de cabelo, com flores, bichinhos, personagens dentre outras coisas. Todo dia ia para escola com um penteado e um enfeite diferente no cabelo.

Vejo muita gente falando que na infância, o momento de pentear o cabelo era uma hora de sofrimento, que choravam, a mãe não gostava de pentear, dentre outras coisas. Não me recordo de ter sofrido por causa do meu cabelo, nem de querer ele de outro jeito, além, de como ele era. Me sentia muito feliz com ele. Acredito que devo isso a minha mãe e minhas tias maternas. Quando eu era criança, minha mãe usava o cabelo dela natural, bem curtinho e pintado de vermelho e eu achava lindo, além disso, tanto minha mãe quanto minhas tias penteavam meus cabelos com tanto amor e carinho, com tanta delicadeza que não tinha como eu achar que tinha que muda-los ou que eles davam algum tipo de trabalho. Na escola também as meninas tinham os cabelos diferentes, então, isso nunca foi um problema.

Fiquei com meu cabelo natural até os dez anos ou onze anos, quando mudei de escola, entrei na 5ª série e começou aquela necessidade de ser aceito e bem visto por todos. Lembro que algumas amigas da escola, já com os cabelos alisados com química, começaram a falar que era para eu passar um alisante no cabelo, que ninguém usava mais tranças embutidas, que meus penteados eram infantis e aquele monte de coisa que as pessoas falam para convencer a outra a fazer aquilo que ela quer. Fiquei com aquelas informações na cabeça, falei com minha mãe e continuei com meu cabelo natural até o meado do ano letivo, mais ou menos. Minha mãe procurou informações no salão onde ela trabalha, ouviu boas recomendações e me deixou bem à vontade para eu fazer o que queria.

Eu não queria o cabelo liso, pois nunca gostei, então, fui ao salão e fiz um permanente afro. O permanente afro é um processo químico que muda a estrutura dos fios, e com a ajuda dos Bigundinhos faz com que os cabelos fiquem ondulados. Foi utilizado um produto importado, o Care free Curl da Soft Sheen.

Fiquei radiante, com o cabelo todo cacheado e cheguei à escola feliz, com todo mundo elogiando meu novo cabelo. Adorava passar aqueles umidificadores, cremes, um monte de coisa e sentir meus cabelos ao vento. O cabelo precisaria ser retocado a cada três meses, porém, da primeira até a segunda aplicação, demorou um longo período, já que, a dona do salão, que eu chamo carinhosamente de tia, viajou e era difícil encontrar alguém que soubesse trabalhar com cabelos crespos lá na década de 90. Durante esse tempo eu fazia twist, na época, eu e minha prima chamávamos de corda ou trança de dois.

O recomendado era fazer o permanente após três meses, eu fiquei uns seis ou sete meses sem fazer. Até que minha mãe me levou a outro salão e lá fiz o permanente e também um corte. Todo mundo adorou, e para minha felicidade, Valéria Valenssa, a Globeleza, apareceu na televisão com o mesmo corte de cabelo que eu. Imagine! Uma pessoa com pouquíssimas referências negras na televisão, ver alguém com o corte de cabelo igual ao seu... era muito bom.

Minha tia retornou de São Paulo e voltei a tratar os cabelos com ela. O cabelo ficava lindo, mas não desenvolvia. A cada nova aplicação era preciso tirar as pontas estragadas pela química, além disso, o cabelo ia ficando cada vez mais vazio.

Depois de um período, minha mãe, que a essa altura também já tinha se rendido a química, passou a fazer o permanente no meu cabelo. Já tinha todo material em casa. Eu molhava os cabelos quase todos os dias, colocava tanto creme que o cabelo ficava branco, aquela coisa melecada com tanto creme, tudo isso na tentativa do cabelo ficar baixinho e comportado, de acordo com os padrões estabelecidos. Enfeites, tiaras, lenços tudo era usado para enfeitar os cabelos. Lembro que eu tinha uma coleção de lenços cada um de uma cor, que era usado para combinar com a roupa que eu estava usando.

Fiquei nesse processo de permanente, corte, creme até os 15, 16 anos, quando resolvi usar tranças sintéticas... Vou parar por aqui e retorno na próxima semana tem a segunda parte de minha história capilar.

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